Saturday, July 31, 2010

Dizem que...

Talvez até melhor que o Ulisses do Joyce, talvez...

Monday, July 12, 2010

A bola

Como bom (isto sou eu a gabar-me) sub-chefe de família lá estive a ver a bola.
Tirando ali uns 15 minutos que adormeci entre os 20 e os 35 da primeira parte a "coisa" (era assim que o Duchamp se referia às obras) foi muito interessante. Fiquei a saber que há zonas no campo em que é proíbido perder a bola (julgava eu que era sempre poíbido tratando-se de um desporto com bola) e que o treinador holandês veste de cinzento para dar 'sorte' embora não o admita. O treinador espanhol é muito parecido como o meu tio Valdemar que já morreu. Ás tantas fui avisado que a Espanha estava a jogar num 4 3 3 com raça e inteligência, fiquei descansado.
Mais tarde provou-se que os espanhóis desmontaram a máquina humana. Foi o fim.
Venha o campeonato.

Para despedida volto ao Duchamp que se considerava um "Engenheiro do Tempo Perdido"*.

* "Engenheiro do Tempo Perdido", entrevistas com Pierre Cabanne

Monday, July 5, 2010

Das CONCERT



A vuvuzela alemã em formato sinfónico.

Friday, July 2, 2010

portugal portugal portugal

O D. Sebastião foi para Alcácer Quibir
de lança na mão, a investir, a investir,
com o cavalo atulhado de livros de história
e guitarras de fado para cantar vitória.

O D. Sebastião já tinha hipotecado
toda a nação por dez reis de mel coado
para comprar soldados, lanças, armaduras,
para comprar o V das vitórias futuras.

O D. Sebastião era um belo pedante
foi mandar vir para uma terra distante
pôs-se a discursar: isto aqui é só meu
vamos lá trabalhar que quem manda sou eu.

Mas o mouro é que conhecia o deserto
de trás para diante e de longe e de perto
o mouro é que sabia que o deserto queima e abrasa
o mouro é que jogava em casa.

E o D. Sebastião levou tantas na pinha
que ao voltar cá encontrou a vizinha
espanhola sentada na cama, deitada no trono
e o país mudado de dono.

E o D. Sebastião acabou na moirama
um bebé chorão sem regaço nem mama
a beber, a contar tim por tim tim
a explicar, a morrer, sim, mas devagar

E apanhou tal dose do tal nevoeiro
que a tuberculose o mandou para o galheiro
fez-se um funeral com princesas e reis
e etcetera e tal, Viva Portugal.
Sérgio Godinho, Os Demónios de Alcácer-Quibir